Com a estreia de suas operações no Brasil prevista para antes do Natal, Amazon e Google Play Books chegam para popularizar os chamados e-books no mercado nacional
Juliana
Tiraboschi
LÁ
VEM ELE
Presidente
da Amazon, Jeff Bezos exibe seus leitores digitais
Kindle,
porta
de entrada para um acervo com 1,7 milhão de livros
Cerca
de 40 milhões de americanos têm um aparelho leitor de livros digitais em mãos.
Esse número alavanca outros. A receita de venda dos e-books subiu de US$ 551
milhões para US$ 3,3 bilhões de 2009 a 2012. Gigantes da tecnologia apostam num
crescimento ainda maior e abastecem as suas estantes virtuais. Somente na loja
de e-books do Google, a Play Books, há cerca de quatro milhões de
títulos.
Com
seus modestos 20 mil títulos digitalizados em português, o Brasil ainda
engatinha nesse mercado. Mas o quadro está prestes a mudar, e rapidamente. São
cada vez mais claras as evidências de que a Amazon vai finalmente inaugurar seu
site brasileiro de venda de livros eletrônicos no final deste mês ou começo de
dezembro e trazer para o País o seu leitor digital, o Kindle. Alimenta os
rumores o fato de a empresa americana ter fechado acordo com a Distribuidora de
Livros Digitais (DLD), que reúne editoras como Sextante, Objetiva e Record. A
Amazon também estaria contratando 14 profissionais no
Brasil.
Esse
não é o único grande movimento no setor. Pressionado pelo concorrente, o Google
estaria acelerando o lançamento de seu tablet Nexus 7 por estas bandas, assim
como o início das operações do Google Play Book. Contatadas por ISTOÉ, as
empresas não confirmam as informações, mas gente de dentro do mercado e a
imprensa especializada apostam que as empresas chegam ao Brasil antes do Natal.
Elas estão motivadas pela perspectiva de o consumidor brasileiro se deixar
seduzir pelos benefícios dos livros digitais. Entre eles, o preço cerca de 30%
menor de cada obra, a capacidade de armazenar centenas de obras e a preservação
do ambiente – além de economizar papel, o e-book não necessita de transporte
motorizado.
SEM
SOMBRA
Com
telas que imitam a relação entre tinta e papel, a tela de alguns e-readers não
reflete a luz e permite a leitura sob o sol.
Há
ainda a comodidade e a rapidez. Se um best-seller sobre bruxos é lançado à
meia-noite em Londres, um minuto depois você já pode estar lendo a obra, sem
apertos nem filas. Facilidades como essas animam os consumidores ouvidos pela
eCRM123, empresa especializada no relacionamento com clientes nas redes sociais.
Em estudo publicado nesta semana, 84% dos entrevistados disseram aprovar o
desembarque da Amazon no Brasil.
Segundo
Ednilson Xavier, presidente da Associação Nacional de Livrarias, a expectativa
para a chegada da empresa é grande – e preocupante. “A Amazon impõe condições
draconianas em relação aos preços e mata livrarias menores”, afirma. Para
protegê-las, a associação presidida por Xavier pede que haja um intervalo de 120
dias entre o lançamento de um livro impresso e sua versão digital; que os
descontos da editora para as livrarias sejam uniformes, ou seja, que as pequenas
consigam os mesmos preços que as gigantes; que os livros digitais sejam no
máximo 30% mais baratos que os de papel e que, caso as editoras vendam títulos
virtuais diretamente ao consumidor, o desconto não passe de
5%.
Para
Ednei Procópio, que trabalha com livros eletrônicos desde 1998 e é proprietário
de uma editora que leva escritores às plataformas digitais, a vinda da Amazon
será positiva para editores e autores, que terão um novo canal de vendas, mas
concorda que as livrarias poderão sofrer. “As lojas físicas terão de buscar
outros modelos. Uma saída é virar um aparelho cultural, como a Livraria Cultura,
que oferece música, teatro, café e promove lançamentos”, diz. A Cultura é,
inclusive, uma das empresas nacionais que já correm para enfrentar a
concorrência. Irá lançar o Kobo, e-reader fabricado por uma empresa canadense e
que será vendido nas lojas da rede. O aparelho terá acesso a um acervo de três
milhões de títulos digitais, 15 mil deles em português.
Outra
empresa brasileira com armas para enfrentar a nova concorrência é a Gato Sabido,
que inaugurou o mercado nacional de livros digitais em dezembro de 2009. Para
tanto, conta com seu próprio aparelho, o Cool-er, produzido de forma
terceirizada na China e vendido no País a partir de R$ 579. Com ele, o
consumidor pode comprar obras com descontos consideráveis. A versão impressa de
“Cinquenta Tons de Cinza” tem o preço recomendado de R$ 39,90. No Gato Sabido, o
livro sai por R$ 19,92. É bom, mas apenas isso não irá proteger as empresas
nacionais contra o rolo compressor que vem por aí. Inovação e qualidade no serviço serão
fundamentais.
Fotos: JOE KLAMAR/AFP Photo; EyesWideOpen/Getty
Images
Fonte: http://www.istoe.com.br
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